Hazrat Mirza Masrur Ahmad é o quinto Jalifa (califa) da Comunidade Muçulmana Ahmadia, um ramo reformista e pacifista do islamismo fundado em 1889 na Índia. Desde sua eleição em abril de 2003, lidera milhões de fiéis em mais de 200 países a partir de sua sede em Londres, com uma mensagem constante de paz, justiça social e serviço à humanidade.
Nascido em 1950 em Rabwah, Paquistão, estudou Economia Agrícola e dedicou boa parte de sua vida ao serviço humanitário e educacional, especialmente em Gana. Sua eleição coincidiu com um aumento da perseguição à Comunidade Ahmadia no Paquistão, o que o levou a dirigir a comunidade a partir do Reino Unido. Sob sua liderança, a organização expandiu seu trabalho humanitário por meio da ONG Humanity First e promoveu a participação ativa das mulheres na educação e na vida espiritual.
No contexto da Jalsa Salana — o encontro anual mais importante da comunidade — o jalifa recebeu o Montevideo Portal para uma entrevista exclusiva.
"Deus criou a religião para a melhoria no mundo, não para criar desordem"
Uma mensagem para a América Latina e o Uruguai
“Para que um país progrida… é necessário que as pessoas trabalhem com esforço e diligência. E que trabalhem com fidelidade e honestidade”, afirmou Ahmad, dirigindo-se à região e ao Uruguai em particular. “Os políticos também devem trabalhar com fidelidade e honestidade… o maior obstáculo nesses países para o progresso é a corrupção”.
Segundo o líder ahmadia, o combate à corrupção começa na consciência individual: “Se cada pessoa trabalhar com o pensamento de que Deus está me observando, com o temor de Deus, isso também freia a corrupção… independentemente de a pessoa ser cristã, muçulmana ou judia, se tiver a certeza de que Deus é um ser vivo que está observando minhas ações, devo trabalhar para agradá-lo, para o progresso do meu país”.
"Deus criou a religião para a melhoria no mundo, não para criar desordem. Para isso devem se esforçar, e isso vai melhorar o país em todos os sentidos", acrescentou.
Perseguição no Paquistão
Questionado sobre a situação em seu país natal, Ahmad foi claro: “Há perseguição desde que a comunidade foi estabelecida… agora é por parte do governo, porque há leis que foram introduzidas nesse sentido”.
"Nos incomodam, nos matam, danificam nossos cemitérios, destroem nossas mesquitas... há tristeza, mas isso não afeta nossa determinação. Temos esperança de que chegará um dia em que a situação melhorará", afirmou.
Obstáculos na América Latina
Em referência à Bolívia e à região, o jalifa reconheceu que “às vezes é preciso ceder algo para alcançar seus direitos” devido à corrupção, embora tenha esclarecido que “o suborno é proibido no islamismo quando se trata de usurpar os direitos dos outros”.
Ele explicou que parte da solução é “melhorar nossa relação com eles e explicar qual é a verdadeira mensagem do islamismo e da ahmadia”. Nesse ponto, atribuiu um papel central aos meios de comunicação: “Nisso, os jornalistas têm um grande papel… se escreverem artigos sobre a comunidade, isso pode mudar a opinião dos políticos e das pessoas em geral”.
Paz e política internacional
Sobre as mensagens de apoio recebidas na Jalsa Salana, Ahmad destacou que muitos líderes internacionais “apreciam e concordam com a mensagem” de paz, embora “suas mãos estejam atadas” por compromissos partidários ou geopolíticos.
“É um esforço nosso, e gradualmente a situação mudará… um dia terá seus frutos”, disse.
Quanto ao conflito palestino-israelense, ele vê sinais de mudança: "Já começaram a levantar suas vozes em favor dos direitos humanos dos palestinos... as atitudes de alguns países estão mudando, mesmo que apenas para aparentar. Chegará um momento em que a crueldade terminará".
Para Ahmad, a perseverança é fundamental: “Devemos continuar falando sobre paz e harmonia; um dia terá seus frutos”.
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